Bla, bla, bla

Aula de Introdução ao Pensamento Antropológico, eu deveria ter lido dois textos que eu peguei no xerox 5 minutos antes da aula, ou seja, não li nenhum. A professora fez grupos de pessoas que leram os mesmo textos. Eu fiquei no grupo mais próximo, óbvio. Após 30 minutos, teríamos que apresentar a idéia do texto e responder duas perguntas. Nosso grupo tinha 6 pessoas, 3 leram o texto, um que leu chegou atrasado. Então, inicialmente, tínhamos 2 pessoas:

1) Colega socióloga: já se formou em alguma outra coisa de sociais, ou estuda faz mil anos. Fez ou faz mestrado ou doutorado.
- Pontos fortes:
a) já fez trabalho de campo e adora repetir isso quando não concordamos com a opinião dela querendo dizer que a gente não sabe porque não viveu.
b) como estuda faz séculos, já tem toda a lábia do pessoal das humanas. Se tu pergunta uma coisa que ela não consegue responder, ela apela para escritores e desvia o assunto de tal maneira que tu nem sabe mais o que perguntou.
- Pontos fracos:
a) como fica sempre saindo pela tangente, não é nada objetiva, mistura todos os assuntos, as opiniões. Uma hora tá defendendo outra tá acusando. Mas é aquela coisa "a antropologia é subjetiva, estamos falando de sujeitos, não de objetos".

2) Colega economista: já se formou em economia e agora está fazendo sociais. É mais velho e tem experiência de vida.
- Pontos fortes:
a) é objetivo, busca entender como as coisas são. Quer definições, não generalizações ou universalizações. E não estamos falando de 'sujeitos sociais' que não podem ser definidos, estamos falando do básico mesmo
b) tem dúvidas totalmente plausíveis e afins com outros colegas que, como eu, ficam boiando.
c) consegue simplificar e exemplificar as teorias trazendo para o cotidiano, para o que acontece com as pessoas 'normais'
- Pontos fracos:
a) não leva as discussões adiante, então quando tu acha que ele vai pegar o antropólogo no contrapé, ele desistiu de discutir.
b) o que um cara formado em economia quer fazer no curso de sociais? Vai fazer um MBA, por favor!

Só pra terminar então, quando chegou nossa vez de falar sobre o trabalho, a colega 1 apelou para a subjetividade e o colega 2 apelou para o balançar afirmativo com a cabeça e eu respondi as perguntas sobre a idéia principal do texto.

Moral da história: deixe os estudiosos lerem os textos, falarem e repetirem; faça perguntas objetivas que quebre as pernas deles e ouça as respostas com um filtro de objetividade; saiba falar em público, alto e claro, na língua dos normais.