quarta-feira, 4 de março de 2009

1º dia de aula

Ontem foi minha primeira noite de aula. Como qualquer órgão público, ninguém sabia onde era a tal da sala 108. Fui no IFCH mas não era lá embora estivesse escrito na minha matrícula. Enfim achei a sala. Depois de alguns minutos de espera, chega a professora: calça estilo cargo abaixo do joelho, camiseta e aqueles chinelos dos hippies da praça da alfândega. Que que eu queria, né? Ela é legal, fala bem, e gostou de eu estar prestando atenção ao que ela falava. Aí ela pediu pra gente fazer uma redação sobre as férias. Mentira, óbvio. Foi muito pior. Ela pediu pra gente fazer um círculo para nos apresentarmos. Tava indo tão bem... Aí meus coleguinhas (sim, dos 40 que tinham lá, 35 tinham saído do colégio ontem, se tivessem 20 anos era muito) começaram a falar porque escolheram Ciências Sociais como curso. O primeiro, quer era o último da chamada, foi bem:
- Eu não sei bem por que escolhi. Espero conhecer o curso melhor.
Depois disso a coisa só piorou:
- Eu sempre gostei de história e geografia.
- É um curso abrangente
- Minha mãe e minhas tias são professoras de história
- Eu quero colaborar com o mundo, quero fazer a minha parte
- Eu quero entender porque coisas ruins acontecem, porque têm as guerras, a fome
- Eu sempre gostei de debater, discutir
- Não estou interessado em retorno financeiro. Se vier, tudo bem (Prêmio Nobel!!!)
Não via a hora de chegar a minha vez:
- Estou me sentindo um ET. Todos têm uma história, um objetivo. Eu vim parar aqui por pura incompetência e falta de determinação para estudar e passar para Arquitetura, que é o que eu gosto. Depois que saí do colégio, e isso faz muito tempo, eu fiz curso técnico de administração e contabilidade e eu me dava muito bem em Economia, que era uma matéria do curso e minha professora me incentivou a prestar vestibular. Eu tentei e não passei. Então apelei pra onde minha média dava pra entrar. E agora estou aqui.
Certo que a professora não ousou fazer outra pergunta ou comentário e chamou o próximo colega. Ela deve ter sentido pontadas no coração e falta de ar porque, pra ela, esse curso é grandes coisas. Já pra mim singnifica: entrei na bosta da faculdade, até que enfim, tô aqui porque não vai me custar nada, tudo grátis, ou quase tudo. Eu não preciso disso para nada, a não ser para conhecer pessoas novas, assuntos novos e debater um pouco com seres superiores. Parar de emburrecer ainda que eu não vá largar o Big Brother por nada nesse mundo.
Claro que o meu comentário vai me custar muito caro. Quem vai querer fazer trabalho de grupo comigo? Eu não estou engajada em coisa nenhuma, tô ali na flauta e não acho nada de mais esse curso. Alguém me diz o que um sociólogo faz. Ou um antropólogo. Tu já conheceu algum na vida? Tirando o Fernando Henrique, que foi presidente e não foi por causa da sociologia? Hum?? Pois é...
20:25 - Acho que já está bom por hoje, estão todos liberados.

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